terça-feira, 26 de maio de 2015

O Guardião de Memórias de Lois Lowry






Sinopse

"Era quase Dezembro e Jonas começava a ficar assustado."

Começa assim esta história de um rapaz que habita um mundo aparentemente ideal: um mundo sem conflitos, pobreza, desemprego, divórcio, injustiça ou fome.

Dezembro é a altura da Cerimónia anual em que cada indivíduo com doze anos recebe uma tarefa para a vida inteira, determinada pelos Anciãos. Jonas viu a sua amiga Fiona ser nomeada Encarregada dos Idosos e o seu alegre amigo Asher ser nomeado Director Assistente do Divertimento. Mas Jonas foi escolhido para algo especial. Quando a sua selecção o leva ao homem sem nome, o Dador, ele começa a descobrir os segredos profundos que sustentam a frágil perfeição do seu mundo.

Narrado com uma simplicidade ilusória, esta é a provocante história de um rapaz que experimenta algo incrível e que aceita algo impossível. Ao longo da narrativa, muitos valores que temos como certos po~em em causa as nossas mais profundas convicções.



A história de “O Guardião de memórias” passa-se numa sociedade, em que tudo está meticulosamente organizado e encaixado num modelo idílico onde a dor não existe, a dúvida não existe, as paixões não existem, enfim, nada que envolva sentimento poderá ter lugar. Tudo é cinzento pois a cor não existe.

Os bebés são gerados apenas para continuação da espécie humana, crescem ultrapassando etapas onde aprendem as normas para viver naquela sociedade até atingirem a idade dos doze anos. Nessa altura, os Doze, como são conhecidos, são colocados como aprendizes das profissões que virão a desempenhar no futuro, tendo em conta a observação que um conjunto de ansiãos vai fazendo ao longo do seu crescimento, para captarem as suas aptidões naturais.

Tudo corre na perfeição, como é de esperar, para Jonas. Na cerimónia dos Doze ele espera, com alguma curiosidade e ansiedade, para saber qual a profissão que é escolhida para ele. Vê os seus colegas serem distribuídos pelos diversos postos de trabalho da comunidade e percebe que nada sobra para ele. Por fim o grupo de anciãos nomeia-o para o ofício de guardião de memórias., um dos mais importantes cargos da comunidade. Uma escolha rara, pois apenas existe um guardião e somente ele treina o seu sucessor.

Chocado e perplexo com tal escolha, Jonas não vê a importância de tal cargo, apenas que terá de ser o aprendiz de um ancião que permaneceu afastado de toda a comunidade durante toda a sua vida. Não imagina sequer que após o primeiro encontro com o actual Guardião, a sua vida deixará de ser a mesma.

O guardião de memórias tem como função guardar todas as memórias de um povo, com o objectivo de proteger esse mesmo povo do sofrimento e da dor. Por outro lado ele, ele tem o conhecimento e a sabedoria para orientar os dirigentes da sociedade em momentos difíceis.

A pouco e pouco, pelas mãos do seu mestre Jonas descobre um mundo novo. Aprende a sensação do calor no seu rosto, a neve fria que cai, e com as sensações as coisas adquirem uma cor, descobre o vermelho ou o verde dos campos e a névoa vai-se dissipando, mostrando-lhe um mundo completamente novo.

Mas o fardo é pesado, lidar com todo este conhecimento numa sociedade que não quer sair do seu conformismo, da sua mesmice de vida igual a todos os dias… uma sociedade ditatorial, com o seu regime controlador de toda a perfeição.

A dúvida surge e Jonas começa mesmo a questionar toda a perfeição do seu mundo.

Classificado como um livro infanto-juvenil, apresenta uma escrita simples e fácil. No entanto a mensagem é bastante forte mesmo para um adulto. A leitura que ao início é simples e directa, leva-nos a questionar-nos e a pensar mais a cada capítulo que passa, ficando mesmo com a dúvida se o final é o esperado por um público juvenil.

Lois Lowry pretende alertar-nos para o nosso conformismo perante a vida. Quer abrir-nos a mente para horizontes mais vastos e que por vezes teimamos em não os querer ver.

A escrita, como já referi, é bastante simples, a acção bastante rápida, por vezes demasiadamente rápida, sem que haja desenvolvimento em pequenos detalhes que enriqueceriam mais a história.

Recomendado por uma amiga, li o livro rapidamente sem saber que havia continuação. O final deixou-me um pouco sem saber o que pensar … no entanto rapidamente percebi que este é apenas o primeiro volume de uma série de quatro livros.

Sem ser extraordinário, é um livro que se lê muito bem, agradável e que nos deixa um “sabor amargo na boca”, por vezes queremos que a nossa vida seja perfeita, e nem desfrutamos do que nos rodeia.


Edição/reimpressão: 2004
Páginas: 160
Editor: Texto Editores
ISBN: 9789724723747